Apesar das autoridades afirmarem que o motivo foi uma doença, familiares desconfiam de maus-tratos e tortura
No dia 5 de janeiro de 2023, Phuc*, um pastor tribal no Vietnã morreu na prisão enquanto cumpria pena por acusações relacionadas à religião. Ele foi preso em janeiro de 2018 e sentenciado a 16 anos de prisão em julho do mesmo ano por “atividades que se opõem à República Socialista do Vietnã”.
Na acusação, foi declarado que ele se uniu ao “Governo Nacional Provisório do Vietnã” nos Estados Unidos, além de ser o “presidente interino do Conselho Inter-religioso no Vietnã”. O governo nacional provisório é um grupo político iniciado por vietnamitas que viviam fora do país e se rebelaram contra o Partido Comunista vietnamita.
Na manhã do dia 5, a esposa de Phuc recebeu uma ligação dizendo para visitar o marido que estava muito doente. Uma hora depois de chegar, ela foi informada que seu marido havia morrido devido a uma doença. Entretanto, Van*, irmão do pastor, acredita que não foi isso que aconteceu. “Meu irmão não morreu por causa de doença. Ele pode ter sido ferido intencionalmente e continuou sendo ameaçado, torturado e forçado a admitir suas acusações, porém ele se recusou firmemente a fazê-lo”.
Sem saber da verdade
Van acrescentou ainda que não puderam ver o corpo do irmão depois de morto. As autoridades disseram à família do pastor que pela lei vietnamita, eles só têm permissão para levar os restos de uma pessoa que morreu após passar três anos de prisão. “Eles cobriram o corpo dele imediatamente, então não pudemos ver ou saber o que realmente aconteceu. Eles pareciam esconder algo”, disse Van.
O parceiro local da Portas Abertas, Athan*, também compartilhou quão dolorosa a notícia é e que está mantendo contato com a família do pastor Phuc. “A família já estava em uma situação muito difícil e acabou de piorar, já que a esperança de retorno do marido e pai não é mais possível”.
Enquanto o pastor Phuc esteve na prisão, a Portas Abertas ofereceu apoio financeiro para que a esposa o visitasse na prisão e a filha operasse o coração. O objetivo agora é garantir uma ajuda adicional para que a família realize um funeral mesmo sem corpo e para que se mantenha durante esse tempo de dificuldade.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas