Michelle Andreata, médica pneumologista da Saúde no Lar, explica que logo nas primeiras horas, o paciente vai se sentir um pouco mais ansioso. Mas, em compensação, após 48h, ele consegue ver uma melhora muito grande no olfato, tem uma percepção melhor do paladar (duas regiões intimamente relacionadas).
“Essa mudança é tão grande que, depois de uma semana, o paladar muda tanto que a pessoa pode até ficar intolerante a alguns alimentos. Isso é muito positivo, e é um sinal claro de que ele está sentindo o cheiro e gosto das coisas como elas são de verdade”, acrescenta.
Segundo a médica, após uma semana dessa "intolerância", é possível perceber que a respiração está melhor e a falta de ar também. Após o décimo quinto dia, é o pico da angústia. É nesse prazo - entre sete e quatorze dias - que é necessário tratar a ansiedade.
“Vencida a ansiedade, o paciente consegue sentir muito prazer e sensação de melhora que é abundante. E aí acontece a melhora da performance física, dos batimentos cardíacos, da respiração e dos músculos”, afirma Michelle Andreata.
Corpo volta à normalidade
A pneumologista da Saúde no Lar ainda revela que, a longo prazo, o corpo da pessoa que parou de fumar tende a voltar para a normalidade. O turgor (estado de hidratação da pele ) e a elasticidade da pele melhoram, as manchas diminuem. “Não só na pele do rosto, mas em volta da boca, manchas das mãos (pouco se fala, mas é onde se segura o cigarro, tem muita mancha também). E a melhora não é só dessas partes da pele, há uma melhora da qualidade da pele como um todo”, aponta a especialista.
A capacidade respiratória melhora de forma inquestionável e a capacidade muscular também. O paciente consegue melhorar sua performance física a partir de quinze dias sem o cigarro. Michelle ainda aponta que, quanto mais tempo a pessoa fica sem o cigarro, mais rápido ela se recupera. “Às vezes, até os pacientes, impulsionados pelo prazer de ver que conseguiram vencer uma batalha, começam a praticar atividade física e têm um ganho secundário com isso”.
Há uma certa "limpeza" do pulmão? Ele consegue voltar a ser o mesmo de antes?
Segundo a médica, a limpeza do pulmão, na verdade, tem a ver com o a capacidade do corpo de colocar todo o acúmulo de nicotina, de alcatrão e todos os outros componentes do cigarro para fora.
Isso vai depender da idade em que o paciente parou de fumar. Quando isso acontece antes dos 50 anos, essa capacidade é muito maior, já que a melhora do paciente e a sua recuperação são muito mais rápidas. A partir de cinquenta anos ela vai ficando cada vez mais lenta.
Sobre o pulmão voltar a ser como antes, Michelle explica que depende do tanto que ele fumou, de qual tipo de cigarro.” Mas em geral, quando as pessoas param antes dos 50 anos, a chance de infarto e de outras complicações relacionadas ao cigarro caem de forma brusca. A sensação é de que a pessoa voltou a ser jovem. Mas, na verdade, ela estava respirando mal há muito tempo”, revela.
Prejuízos
É fato que o tabagismo pode danificar de várias formas o organismo. A médica pneumologista Michelle Andreata lista algumas:
- A primeira delas é o pulmão. O hábito de fumar pode fazer com que aconteça uma destruição tecidual e como o pulmão não regenera, ele cria uma cicatriz que prejudica a troca gasosa.
- Pode acontecer também uma inflamação do pulmão, das vias que passam lá e é conhecida como bronquite crônica. Ela se assemelha à asma, mas ela é mais grave, porque é uma bronquite progressiva.
- Fora isso nós temos alterações da estrutura do cabelo (fica mais fino e frágil), a pele perde colágeno e se torna mais dura, mais rígida e mais sensível, inclusive ao sol. E com isso vão aparecendo mais manchas. Esses efeitos na pele ficam muito visíveis pelo fato de ser o maior órgão do corpo humano e estar sempre à vista.
“Tudo por conta do que o tabagismo faz como um todo em nosso corpo. Ele é capaz de oxidar o corpo de uma forma muito rápida. Fazendo com que o corpo envelheça aceleradamente, não só o pulmão, mas todos os outros órgãos”, conclui a especialista.